InterRail: Guia Prático

(via interrail.eu)

No verão de 2015 fiz a minha primeira grande viagem, tanto em termos de duração como a nível de distância percorrida. Comprei um passe InterRail, meti-me em vários comboios e andei a explorar a Europa durante 30 dias. Também queres fazer um InterRail mas não sabes por onde começar? Então esta publicação é para ti.

O que é o InterRail
O InterRail é um passe que permite aos cidadãos europeus viajar pelos comboios da Europa (e também em alguns barcos) a preços reduzidos e com grande flexibilidade em relação ao itinerário. Surgiu em 1972 e inicialmente podia ser utilizado por pessoas até aos 21 anos. Hoje em dia qualquer um pode comprar o passe, não havendo limites de idade. Não és cidadão europeu? Não tem problema, em vez de um passe InterRail podes comprar um passe EuRail!


A escolha da companhia
Depois de decidires que queres fazer um InterRail, precisas de saber com quem vais. És um lobo solitário ou preferes viajar em grupo? Ambas as opções têm vantagens e desvantagens. Viajar sozinho permite-te contactar mais com outras pessoas e podes fazer tudo à tua maneira, mas também se pode tornar um pouco solitário. Se decidires viajar em grupo, não aconselho que seja um grupo muito grande. É importante que vás com alguém que tenha os mesmo interesses que tu e cujos objectivos para aquela viagem sejam idênticos. Lembra-te: vais passar muitas horas com essas pessoas, por isso convém que saibam lidar uns com os outros, nos melhores e nos piores momentos. Na minha viagem, fui eu e mais uma pessoa e correu tudo bastante bem.



Compreendendo os passes
Existem dois tipos de passes: o Global Pass, válido em 30 países, e o One Country, para quem quer explorar um país só. O tipo de passe que se escolhe está directamente dependente de alguns factores, como a rota que se pretende fazer, o tempo que se tem, e o orçamento disponível. Para cada um dos passes, é preciso escolher o número de dias que se pretende viajar. Tem em atenção que o passe não é válido no país de residência do seu portador. Ou seja, se viveres em Portugal, tens de pagar o bilhete até à fronteira com Espanha. Uma outra alternativa (que foi o que fiz) é ires de avião até um país mais central.

Queres saber mais sobre os passes e como se devem preencher? Vê aqui!

Não é preciso levantar bilhetes, basta entrar no comboio e mostrar o passe ao revisor. Tem em atenção que alguns comboios exigem marcação (especialmente os nocturnos), e para esses necessitas de ter a reserva contigo! A marcação tem custos extra e esse custo depende da companhia ferroviária onde a fazes. Em Amesterdão, por exemplo, pagámos 4€ por reserva por pessoa, enquanto que em Sófia o preço foi de apenas 1€.

Em algumas rotas será mais seguro fazeres a reserva, mesmo que não seja uma viagem nocturna, especialmente se fores durante o verão. Para Paris, por exemplo, os comboios são sempre muito concorridos e podes não ter lugar. Por isso é mais seguro fazeres a reserva para a cidade seguinte quando chegares à anterior. Em viagens nocturnas, pode acontecer que o revisor fique com o teu passe durante a noite, e te devolva quando chegares ao teu destino. É normal, e não te preocupes que não ficas sem passe.



Conhecendo os comboios
Existem vários tipos de comboios por essa Europa fora: comboios de alta velocidade, nocturnos, intercidades, regionais, urbanos... E até barcos! As condições dos comboios dependem muito de qual é a empresa de transporte ferroviário que é proprietária. Alguns comboios têm apenas bancos, enquanto que outros possuem compartimentos com camas. Mas ficas já a saber: na rota que fiz, muitos dos comboios não tinham camas, mesmo os nocturnos. Em 9 comboios, só dormi numa cama em 1 deles: o que fazia o trajecto entre e Cracóvia e Viena. Por isso prepara-te para essa eventualidade, e para o facto de poderes apanhar comboios cujas condições não sejam as melhores.

Queres saber mais sobre os diferentes tipos de comboios? Vê aqui!

Dormir num assento pode não ser tarefa fácil. Se tens dificuldade em adormecer, e se não consegues dormir com luz ou com barulho, aconselho que leves uma máscara para os olhos e uns tampões para os ouvidos. Apanhei comboios bastante concorridos, onde as pessoas conversavam e faziam barulho a noite toda. Isso, aliado a um banco que não reclina, faz com que o sono não seja dos melhores.

Dica extra: leva toalhitas e mantém a escova e a pasta de dentes num local de fácil acesso. Quando acordares, vais precisar de te refrescar. Acredita, uma simples lavagem de dentes pode ajudar bastante.


(a melhor cama de toda a viagem)

(a pior "cama" de toda a viagem)


Fazer um orçamento (realista) 
Para mim, existem seis pontos essenciais quando se faz um orçamento: o preço do passe (mais reservas, se for o caso), outros transportes nas cidades, alojamento, refeições, museus e pontos de interesse e, claro, lembranças. Gosto também de deixar alguma margem para imprevistos.

Queres saber mais sobre esses 6 pontos? Vê aqui!

Não te esqueças de que diferentes orçamentos fazem com que o estilo de viagem também seja diferente. Se fores com outras pessoas, certifica-te de que todos estão de acordo em relação ao montante que podem gastar. Podem (e querem) comer todos os dias em restaurantes ou precisam de cozinhar para poupar mais um pouco? Podem dormir na privacidade de um hotel ou a única opção é ficarem em camaratas em hostels? É importante falarem abertamente sobre isso, ou o dinheiro pode gerar problemas durante a viagem.


Escolher a rota
Existem imensos países e cidades maravilhosas para visitar, mas não é possível ver tudo de uma vez só. Há cidades que vão ficar de fora, países que vão ficar por explorar... Faz parte, viajar é mesmo assim: escolher uma cidade implica sempre deixar outra de lado. Por isso, tem em conta o orçamento que tens e o tempo disponível, e escolhe uma rota. Lembra-te: algumas cidades têm um custo mais elevado do que outras. Se estiveres com um orçamento apertado, talvez queiras verificar que cidades são mais baratas, utilizando sites como o Numbeo.

Não tentes encaixar demasiadas cidades, ou vais andar a correr de um lado para o outro e não vais conseguir aproveitar o sítio onde estás... Outras oportunidades irão surgir para explorares o resto. Claro que podes sempre viajar ao sabor do vento, e decidir na altura qual é a cidade para onde queres ir em seguida, mas se fores no verão, existe uma grande probabilidade de muitos dos comboios já estarem cheios, assim como os alojamentos nos melhores locais.

Queres saber mais sobre a rota que eu escolhi e alternativas para começares a tua viagem? Vê aqui!

(a minha rota)


Pesquisar alojamento
Felizmente, existem opções para todas as carteiras. Hotéis e hostels são, sem dúvida, as opções mais comuns, mas existem outras alternativas, como Couchsurfing ou airbnb. Em alguns locais, pode fazer sentido ficar num parque de campismo.

Queres saber mais sobre os diferentes tipos de alojamento? Vê aqui!

Para este tipo de viagens, eu prefiro fazer as marcações com algum tempo de antecedência, e utilizo o Booking para o fazer. Obviamente que podes preferir escolher o sítio onde vais dormir quando chegares à cidade, especialmente se a tua rota não estiver já pré-definida. Se fores ao sabor do vento, aconselho só que verifiques a disponibilidade para a cidade seguinte nem que seja um dia antes de partires para lá. Pela simples razão de que, em muitas cidades, os alojamentos a bons preços e nos lugares centrais esgotam muito rapidamente no verão. Mas será sempre uma escolha pessoal, por isso faz como achares melhor para ti.

(camarata no Hostel Bongo, em Belgrado)

(quarto twin no Atlantis Hotel, em Salónica)


Pensar na bagagem
Quando penso em bagagem, para mim a escolha é bastante fácil: adoro andar de mochila. E acredita, subir e descer de comboios é muito mais fácil de mochila do que de mala com rodas. Mas são opções, e deves verificar o que mais se adequa a ti e ao teu estilo de viagem. Hoje em dia as opções são extremamente vastas, e até já existem mochilas com rodas, sendo possível adequar a sua utilização ao tipo de solo, por exemplo. Em qualquer dos casos, acho que o número de coisas que se leva deve ser bastante limitado. A roupa pode ser lavada, pelo que não é necessário levar tudo o que temos em casa... Também prefiro levar uma mala que não seja muito grande, porque afasta a tentação de colocar coisas a mais: simplesmente não há espaço para tudo, por isso a escolha é muito mais selectiva (e inteligente).

Queres saber mais sobre a bagagem? Vê aqui!

(para a próxima tenho de tirar uma fotografia à mochila... 
É uma Quechua Forclaz de 30 litros, que serviu perfeitamente para guardar todas as minhas coisas)


Espero que esta informação te ajude a planear, da melhor maneira, o InterRail. É, sem dúvida, uma experiência única e que recomendo a toda a gente! Se tiveres alguma dúvida, podes perguntar que eu tento responder da melhor maneira. Toda esta informação serve de guia, mas considero que planear uma viagem é algo de muito pessoal. As minhas sugestões são isso mesmo: sugestões. Podes não as seguir por completo, ou adaptá-las às tuas necessidades, que podem perfeitamente ser diferentes das minhas. O importante é que vás, e que aproveites cada bocadinho!


Sites úteis
Site oficial Interrail
Horários dos comboios (Deutsche BAHN)
The Man in Seat 61

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